A PSICOPEDAGOGIA E A INCLUSÃO ESCOLAR

Nívea Maria de Carvalho Fabrício - Psicóloga e Psicopedagoga Diretora dos colégios Graphein e Brasil Canadá
Vânia Carvalho Bueno de Souza - Pedagoga e Psicopedagoga Diretora dos Colégios Graphein e Brasil Canadá


"... onde houver o desafio do rapaz ou da moça em crescimento,que haja um adulto para aceitar o desafio" (Winnicott).

Nos dias atuais de um mundo globalizado, com a facilidade de se obter todas e quaisquer informações, a escola deixou de ser o principal agente da educação. A escola tradicional se depara com a necessidade de questionar seus métodos e propostas curriculares, diante do novo perfil de seus alunos. O que ensinar, como ensinar, como avaliar e quais os objetivos a serem atingidos? Pontos, antes assegurados pelo sistema começaram, agora, a ser discutidos. O sistema tradicional de ensino possui uma grade rígida de conteúdo programático quanto a desenvolvimento cognitivo e faixa etária. Se o aluno não estiver preparado para o sistema escolar formal, ele não irá se sentir à vontade, seguro ou protegido, e muitas vezes pode sofrer algum tipo de discriminação. Como se processa a inclusão escolar? A integração na escola só acontece quando pensamos em um projeto educacional para cada candidato à inclusão, desde a avaliação das competências, até uma reestruturação do projeto da escola. É de fundamental importância a adequação psicopedagógica às necessidades de seu público alvo. Consideramos que seja difícil possibilidade de uma adequada inclusão escolar sem o trabalho do psicopedagogo, que deve apoiar a criança nas suas angústias (1). Se o sujeito tem dificuldades para articular o "eu" e o "outro" está sem autonomia para a aprendizagem, apresenta uma discrepância entre o corpo (que pode estar desenvolvido), o pensamento e a emoção. O sujeito tem dificuldade de interação, sente-se ameaçado quando está no meio do grupo. Precisa da intervenção do psicopedagogo. O estudante que se sente excluído necessita ser visto com suas possibilidades, necessita de uma equipe estruturada para ajudá-lo no desenvolvimento das questões cognitivas e também sócio-afetivas. É o sujeito que precisa que o professor o aceite e não o rotule por suas dificuldades, que o faça, portanto, sentir-se seguro e com garantia de compromisso de que suas necessidades serão consideradas. Para que a inclusão seja efetuada, precisamos de um fio condutor integrativo para articular o sujeito e o grupo. Não só trabalhar a diversidade em sala de aula, mas em toda a escola. É necessário também, maturidade profissional de todo o grupo na busca de um trabalho efetivo, com capacidade de desenvolver recursos próprios para lidar com a frustração das possibilidades de insucessos. Todos os funcionários da escola devem conhecer como o aluno aprende, suficientemente bem, para atendê-los nas diversas situações do cotidiano escolar. Devemos promover uma formação permanente de uma escuta adequada de todos os setores envolvidos, o clínico, o institucional, o familiar, o diálogo com toda a comunidade. Os pais serão orientados sistematicamente, pois a família precisa estar ao lado do estudante, compartilhar seus mitos, anseios, e expectativas objetivas. É necessário que haja uma atitude ética que proporcione o compromisso técnico-científico com a aprendizagem, com a formação, com a qualidade na aprendizagem. Porque acreditamos na singularidade do indivíduo, podemos propor a parceria com os profissionais que atendem os alunos, para respeitarmos o desenvolvimento pessoal de cada um. A aprendizagem é individual e a formação acontece no trânsito grupal das inter-relações. Nosso referencial: - Projeto Singular - Tutoria - Agrupamentos sistemáticos alternados - Oficinas Nosso movimento é o que busca o aluno, vamos até ele. Não trabalhamos com diagnósticos. Trabalhamos enfocando cada caso, cada história, apostando em suas possibilidades e perspectivas. Trabalhamos a descoberta do EU POSSO, para garantir uma significativa descoberta do EU APRENDO. O processo de inclusão pode ser uma verdadeira relação ensino-aprendizagem, uma relação circular e não linear, na qual cada indivíduo ora é o chamado aprendente, ora é o chamado ensinante. Acreditamos que o trabalho do psicopedagogo pode garantir o acolhimento e o desenvolvimento dos alunos que necessitam de uma educação inclusiva. Este Relato foi resultado do trabalho realizado no Colégio Graphein. Colaboração da Equipe do Colégio Graphein - São Paulo.
(1) Etimologicamente pedagogia (do grego: paidós = criança, e de agogía = condução) equivale a condução de crianças. Em suas origens o pedagogo (paidagogos) foi o escravo que cuidava das crianças e os acompanhava à escola. Pedagogia agora, em uma forma bem mais ampla, é o estudo e a regulação do processo da educação.

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